18 de out. de 2011

Velhos Conhecidos

     Recebi esse texto por e-mail e a pessoa que me enviou disse não ter o nome do autor e/ou livro porque também recebeu de forma anônima. Considero essa metáfora de sentimentos muito valiosa para refletirmos bastante sobre nosso lado mais oculto, o qual escondemos tanto, que até nós mesmos não conseguimos detectá-lo.
Certo dia um casal encontrou pessoas dentro de sua casa. Assustaram-se, acharam que eram ladrões, mas um deles lhes disse:
- Calma! Somos velhos conhecidos, estamos em toda parte do mundo. Viemos para que vocês escolham um de nós para sair definitivamente de suas vidas.
- Mas quem são vocês? – pergunta a mulher.


- EU SOU A PREGUIÇA – responde um homem forte e saudável, com corpo de halterofilista.
- Como pode ser, se tem um corpo de atleta, de quem faz muitos esportes? – pergunta a mulher.
- A preguiça é forte como um touro, e pesa toneladas nos ombros dos preguiçosos, com ela ninguém pode chegar a ser um vencedor.
* * *
Uma mulher velha, encurvada, com a pele muito enrugada e que mais parecia uma bruxa diz:
- EU SOU A LUXÚRIA, meus filhos.
- Não é possível! – diz o homem. Você não pode atrair ninguém com essa feiúra.
- Não há feiúra para a luxúria, queridos. Sou velha porque existo há muito tempo entre os homens; sou capaz de destruir famílias inteiras, perverter crianças e trazer doenças para todos, até a morte. Sou astuta e posso me disfarçar no mais belo ser humano.
* * *
Um mal cheiroso homem, vestindo trapos de roupas, que mais parecia um mendigo, diz:
 - SOU A COBIÇA. Por mim, muitos já mataram, abandonaram famílias e pátrias, sou tão antigo quanto a luxúria, mas não dependo dela para existir.
* * *
- SOU A GULA – diz uma lindíssima mulher, com corpo escultural e cintura finíssima, cujos contornos eram perfeitos e tudo no corpo dela tinha harmonia de forma e movimentos.
- Mas sempre pensei que a gula fosse gorda! – disse a mulher.
- Sou bela e atraente porque se assim não fosse, seria muito fácil livrarem-se de mim. Minha natureza é delicada, normalmente sou discreta, quem tem a mim não se apercebe, mostro-me sempre disposta a ajudar na busca da luxúria.
* * *
Sentado em uma cadeira ao canto da casa, um senhor bem idoso, com o semblante sereno, voz doce e movimentos suaves diz:
 - SOU A IRA. Alguns me conhecem como Cólera. Tenho muitos milênios também. Não sou homem, nem mulher, assim como meus companheiros que aqui estão.
- Ira??? Parece mais o vovô que todos gostaríamos de ter! – diz o dono da casa.
- E a grande maioria tem me tem, responde o vovô. Matam com crueldade, provocam brigas horríveis e destroem cidades quando me aproximo. Sou capaz de eliminar qualquer sentimento diferente de mim, posso estar em qualquer lugar e penetrar nas mais protegidas casas. Mostro-me calmo e sereno para mostrar-lhes que a ira pode estar no aparentemente manso. Posso também ficar contido no íntimo das pessoas sem me manifestar, provocando úlceras, câncer, e as mais temíveis doenças.
* * *
 - SOU A INVEJA. Faço parte da história do homem desde a sua criação – diz uma jovem que ostentava uma coroa de ouro cravada de diamantes, usava braceletes de brilhantes e roupas de fino tecido, assemelhando-se a uma princesa rica e poderosa.
- Como? Mas se é rica, bonita e parece ter tudo o que deseja... diz a mulher da casa.
- Há os que são ricos, os que são poderosos, os que são famosos e os que não são nada disso, mas estou entre todos. A inveja surge pelo que não se tem e o que não se tem é a felicidade. Felicidade depende de amor, e isso é o que mais falta na humanidade. Onde estou está também a Tristeza.
* * *
Enquanto os invasores se explicavam, um garoto que aparentava cerca de cinco anos, brincava pela casa. Sorridente, de aparência inocente como toda criança, sua face delicada mostrava jovialidade e olhos vívidos.
- E você, garoto, que faz junto a esses que parecem ser a personificação do mal? - pergunta o homem.
O garoto responde com um sorriso largo e um olhar profundo:
- SOU O ORGULHO... - Orgulho? Mas você é apenas uma criança! Tão inocente!
O semblante do garoto tomou um ar de seriedade que assustou o casal, e disse:
- O orgulho é como uma criança mesmo, mostra-se inocente e inofensivo, mas não se enganem, sou tão destrutível quanto todos aqui. Querem brincar comigo?
* * *
A Preguiça interrompe a conversa e diz:- Vocês devem escolher quem de nós sairá definitivamente de suas vidas. Queremos uma resposta. Têm 10 minutos para pensar.
O casal se dirige para o quarto, fazem várias considerações e retornam.
- E então? Pergunta a Gula.
- Decidimos que queremos que o Orgulho saia de nossas vidas.
O garoto dá um olhar fulminante para o casal, pois queria continuar ali. Porém, respeitando a decisão, dirige-se à saída. Em silêncio, os outros iam acompanhando o garoto, quando o homem pergunta:
- Ei! Mas vocês também vão embora? Porque?
O menino, agora com ar severo e voz forte de um orador experiente, diz:
Onde não há Orgulho, não há Preguiça, pois os preguiçosos são aqueles que se orgulham de nada fazer para viver, não percebendo que na verdade vegetam.
Onde não há Orgulho, não há Luxúria, pois aqueles que alimentam a luxúria são os orgulhosos que corrompem e se corrompem por vaidade.
Onde não há Orgulho, não há Cobiça, pois os cobiçosos têm orgulho das migalhas que possuem, juntando tesouros na terra e invejando a felicidade alheia, não percebendo que são meros instrumentos do dinheiro, não possuem, são possuídos.
Onde não há Orgulho, não há Gula, pois os gulosos se orgulham de suas condições e jamais admitem que o são, arrumam desculpas para justificar a gula, não percebendo que, na verdade, são marionetes do desejo.
Onde não há Orgulho, não há Ira, pois os irados atacam com facilidade àqueles que, segundo o próprio julgamento, não são perfeitos, não percebendo que na verdade sua ira é resultado de suas próprias imperfeições.
Onde não há Orgulho, não há Inveja, pois os invejosos sentem o orgulho ferido ao verem o sucesso alheio, seja ele qual for, precisam constantemente superar os demais nas conquistas, não percebendo que, na verdade, são ferramentas da insegurança.
* * *
Saíram todos sem olhar para trás, e ao baterem a porta, um fulgurante raio de luz invadiu o recinto...



     Como vemos, é apenas uma metáfora, mas bastante significativa e importante para pensarmos com cuidado sobre o orgulho que ainda agasalhamos em nosso coração. Mesmo que ele fique quietinho, com certeza há sempre o momento exato, quando inesperadamente surge, se interpondo em nossa relação interpessoal e sempre fazendo estragos a nós mesmos. Penso que é um sentimento que precisamos admitir, enfrentar e transformar urgentemente, se quisermos mudar, crescer e sair da condição de seres humanos ainda imaturos, e pior que isso, sem uma consciência de amor e fraternidade coletivos.

 Transformando nossas vidas


Ieda Perez
Psicoterapeuta Reencarnacionista
http://www.abpr.org






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